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SATANÁS SEGUNDO OS "PAIS DA IGREJA"

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Mensagem por MARCELO VALLE 20.09.13 13:36


Vamos prover alguns detalhes informativos sobre de onde surgiu a interpretação de que satanás foi um anjo bom e que foi mudado em um anjo rebelde, como as TJ dizem e como a maioria da cristandade atual aceita. Este informativo eu julguei ser importante para auxiliar o leitor a situar a idéia através do tempo e espero que tire dela uma conclusão sadia:

CITAÇÕES DOS CHAMADOS “PAIS DA IGREJA” A RESPEITO DO DIABO

SATANÁS NO PENSAMENTO DE ORÍGENES

Orígenes desenvolveu a idéia de que Deus pagou um resgate ao Diabo para nossa salvação, e que o resgate foi o sangue de seu Filho Jesus (idéia muito comum no cristianismo atual). Uma vez que Cristo era Deus (doutrina da trindade), Cristo ressuscitou dos mortos e, portanto, o Diabo foi feito de bobo, e defraudado do seu poder. Esta tentativa de preservar a justiça de Deus parece-me alcançar o extremo oposto.

Não só é tudo isso um desrespeito ao ensinamento do Novo Testamento sobre a expiação, mas a idéia de Deus ter que recorrer à fraude e ao engano de Satanás, está completamente fora de sintonia com a revelação bíblica sobre Deus.

Orígenes também foi o primeiro a usar a passagem de Isaías 14 sobre o rei da Babilônia, em apoio da doutrina do diabo cristão. Esta passagem, em realidade fala do rei humano da Babilônia como a mais brilhante das estrelas, a estrela da manhã [Latim "Lúcifer"], que metaforicamente "caiu".
Significativamente, a "estrela da manhã" é um título de Cristo, e tinha sido usado no primeiro século como um "nome cristão" por aqueles que se converteram ao cristianismo. Mas Ele procurou dar à "Lúcifer" uma conotação negativa. Da mesma forma, Orígenes foi pressionado em usar uma passagem similar sobre a queda do príncipe de Tiro em Ezequiel 28. Ele usou até mesmo em Jó, a referência à enorme besta Leviatã, como sendo "Satanás". (Jó 41:1,2) .

Durante a discussão, Orígenes abandonou a idéia de que o relato de Gênesis 6 sobre a passagem dos filhos de Deus se casando com as filhas dos homens diz sobre os anjos caídos, pois isto confundiu logicamente suas idéias de que os anjos do diabo caíram no inferno após o seu pecado inicial. Ele estava preocupado em provar que a justiça de Deus sempre foi acolhida, pois esta era uma crítica freqüente feita à doutrina do diabo pessoal.

Então foi forçado a saber se todos os anjos caídos estão acorrentados, se sim, por que estão supostamente em atividade? Sua resposta foi a formulação de teorias sobre os demônios que são capazes de entrar e sair do inferno para tentar as pessoas na terra, e alguns anjos caídos ainda estejam ativos no ar. Tudo isso, obviamente, sem o menor respaldo bíblico.

SATANÁS NO PENSAMENTO DE JUSTINO MÁRTIR

Justino Mártir foi um dos maiores expoentes na tentativa de defender o cristianismo contra as críticas gnósticas. Escrevendo em meados do século 2, ele falou muito de como todo o universo é realmente infestado com os demônios e com o poder do diabo. Ele chegou a essa conclusão através da necessidade de responder à pergunta "Onde é quando Satanás e seus anjos caíram?". Ele concebeu um esquema de vários níveis de atmosfera, povoadas, segundo ele, por vários tipos de anjos caídos. Daqueles que caíram, uns desceram para o centro da terra, ao inferno, enquanto outros permaneceram na terra e ainda outros estavam na atmosfera.

Ele também acolheu a falsa idéia de uma alma imortal que vai para o céu depois da morte, e, portanto, supôs que os demônios na atmosfera iriam procurar parar o progresso da alma para o céu. Isto é completamente sem respaldo bíblico. A Bíblia fala claramente da ressurreição do corpo e da recompensa literal dos justos no reino de Deus sobre a terra no momento da segunda vinda de Cristo.

Justino Mártir claramente estava desesperado por provas bíblicas para apoiar suas opiniões. Sua cosmologia completa, como descrita acima foi com total falta de apoio bíblico. O melhor que podia fazer era uma referência à idéia de que os filhos de Deus se casaram com as filhas dos homens em Gênesis 6. Esta passagem, no entanto, certamente não fornece nenhuma base para a cosmologia que Justino procurou esboçar.

O desespero intelectual de Justino é destacado pela gafe que ele comete em seu Diálogo com Trifão, onde ele afirma que "Satanás" deriva do hebraico "apóstata", que ele alegou significar "serpente". Esta etimologia é claramente falsa, visto que a palavra hebraica para serpente é “nachash” e Satanás significa simplesmente "adversário". Este tipo de desespero intelectual e a desonestidade acadêmica em torcer os significados da raiz hebraica, foram devidos a ter que defender o indefensável, que a serpente do Éden não foi o animal literal que Gen. 3:1 diz que foi, mas sim um apóstata pessoal que está sendo chamado de Satanás.

É significativo que Gregório também foi observado como reivindicando conhecimento falso de palavras hebraicas e gregas, a fim de apoiar o seu caso, por exemplo, alegando que “diabolus” vem de uma raiz hebraica que significa "escorregar para baixo”. Absolutamente nada deste tipo!

Uma análise deste período mostra como os chamados "pais" lutaram com as implicações lógicas das teorias que desenvolveram sobre Satanás. Um exemplo disto é a forma como eles mudaram suas idéias sobre o que exatamente foi o pecado de Satanás.

Teófilo assumiu a idéia judaica [de Sabedoria 2:24] que a inveja foi o pecado de Satanás, Irineu e Cipriano diferiram quanto ao fato de que era a inveja de Deus ou do [suposto Jesus pré-existente], ou de Adão, mas depois Orígenes decidiu que o pecado de Satanás não era a inveja, mas na verdade era o orgulho.

Novamente eles se recusaram a enfrentar os fatos simples do registro de Gênesis, resumidos por Paulo quando ele disse que "por um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo" (Rm 5:12). Irineu lutou com a cronologia da queda de Satanás. Tendo decidido que Satanás caiu porque estava com inveja de Adão, ele teve que colocar o pecado de Satanás depois da criação de Adão. Confrontados porém com o problema de quando os anjos de Satanás caíram, supostamente entendidos de acordo com Genesis 6, decidiram que foi pouco antes do dilúvio.

Claro, que por sua vez, uma série de outras questões surgiram:

Por que Satanás foi expulso e não os outros anjos?
Como chegaram à ficar no céu por muitos séculos mais?
Como conciliar isso com a interpretação de Apocalipse 12, que afirma que o diabo e seus anjos foram expulsos do Céu juntos?
Será que Satanás e seus anjos não cometeram o mesmo pecado?

SATANÁS NO PENSAMENTO DE IRINEU E TERTULIANO

Orígenes, Irineu e Tertuliano criaram a idéia que foi desenvolvida e popularizada posteriormente em romances e artes, que Deus de alguma forma enganou Satanás. O raciocínio foi que Satanás pediu o sangue de Jesus, e assim ele fez Jesus morrer, mas desconhecido para Satanás, Jesus sendo [supostamente] Deus, se levantou da sepultura.

Não só Jesus nunca é definido como "Deus" em um sentido trinitário na Bíblia, como também toda esta sugestão é puramente ficcional. O sangue de Jesus não foi "pago" a ninguém. E um Deus Todo-poderoso não precisa de truques de Satanás, a fim de ganhar um jogo. Vemos que nossa visão de Deus afeta nossa visão de Satanás, e vice-versa. E vemos também que a visão forçada, não natural e não-bíblica da expiação afeta nossa visão de Satanás também.

As críticas e as questões foram elaboradas sobre estas contradições e os "pais" tiveram que cavar ainda mais fundo em uma teologia tortuosa e contraditória. Eles foram levados a procurar saber se Satanás e seus anjos pecaram ao mesmo tempo e foram expulsos do céu juntos, e se de fato cometeram o mesmo pecado, ou foram pecados diferentes.

Tertuliano respondeu que Satanás pecou pela inveja, e foi expulso do céu por isso. Ele, então, ajustou seu fim, dizendo que foi dado à Satanás um período de carência entre o seu pecado e sua expulsão, durante o qual ele corrompeu alguns dos anjos, e então eles foram expulsos do céu depois dele.

Clemente, pelo contrário, insistiu que Satanás e os anjos caíram ao mesmo tempo. As respostas dos "pais" eram totalmente fictícias, e não estavam de acordo a quaisquer declarações bíblicas. E mesmo assim esses homens desesperados insistiram que foram orientados por Deus em seus pontos de vista e o pior é que muitas gerações da cristandade tem seguido cegamente suas opiniões.

Tertuliano também foi levado à questão se Satanás era um anjo, ou outro tipo de ser e afirmou depois de tudo, que na verdade, Satanás era um anjo.
Ele foi então levado a questão de como exatamente Satanás e os anjos desceram dos céus à terra. Vendo que tinham de viajar através do ar, Tertuliano afirmou [Apol. 22], que o diabo e seus anjos tinham asas.

Ao invés de reconhecer que estas eram especulações meramente, Irineu e Tertuliano passaram a insistir que a crença em Satanás foi uma doutrina central do cristianismo. Tertuliano insistia que no batismo, o candidato devia repreender Satanás efetivamente, e apoiado por Hipólito, estava fazendo seu ponto de vista de Satanás uma parte fundamental da fé cristã, e sem aceitá-lo, uma pessoa não poderia ser batizada na fé cristã.

O candidato tinha que declarar: "Eu renuncio a vocês, Satanás e seus anjos". Isso estava bem longe das passagens do Novo Testamento onde homens e mulheres confessavam os seus pecados e eram batizadas em Cristo para o perdão de seus pecados.
Esse tipo de pensamento foi levado para o seu termo final, quando mais tarde, em 1668, Joseph Glanvill afirmou que negar a crença num demônio pessoal era logicamente negar a crença em Deus, e foi, assim, equivalente ao ateísmo.

Este é o dualismo onde o amor de Deus é acompanhado por um deus do mal. Então negar o deus do mal é negar a existência do Deus de amor, o Deus e Pai do Senhor Jesus. O calvinista John Edwards, em sua publicação de 1695 faz algumas reflexões sobre as várias causas e as ocasiões do ateísmo. Ele alegou que a negação do Diabo e os demônios é uma das causas do ateísmo.

Isso tudo é tão triste e trágico para uma perversão do cristianismo bíblico, como aqueles que negam a existência de um demônio pessoal, como resultado de uma pesquisa bíblica e histórica cuidadosa e que acreditam na onipotência final do único Deus, acreditando nisso a tal ponto que não vemos espaço para a existência de um “diabo pessoal” e desta forma somos enquadrados como ateístas. E isso não é uma coisa do passado, ouvimos falar de líderes cristãos afirmando que aqueles que negam a existência de um diabo pessoal, negam a própria essência da fé cristã, e não devem ser considerados como cristãos.

No entanto, uma compreensão puramente bíblica acerca do diabo, certamente promove a espiritualidade e a moralidade do Novo Testamento pela idéia de que o verdadeiro "inimigo" é o nosso próprio pensamento humano interno e a tentação leva a uma feroz luta contra a imoralidade no mais profundo do coração de quem sabe quem é o verdadeiro inimigo do cristão.


Marcelo Valle.
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